Samu lidera, mas sente o calor da concorrência: Gül e De Jong pressionam no ataque do FC Porto

 


Avançado espanhol soma nove golos, mas Deniz Gül e Luuk de Jong prometem luta intensa pela titularidade

O FC Porto vive um momento de crescimento ofensivo sob o comando de Francesco Farioli, e se há um nome que tem brilhado nesta primeira parte da temporada é Samu Aghehowa. O avançado espanhol mantém-se firme no topo da lista de marcadores dos dragões, com nove golos, mas a concorrência dentro do plantel começa a apertar — e isso é, paradoxalmente, uma excelente notícia para o treinador portista.

Com Deniz Gül a aproveitar cada minuto vindo do banco e Luuk de Jong a preparar o regresso após lesão, a frente de ataque azul e branca promete ser palco de uma disputa acesa até ao final do ano. O FC Porto, que tem vindo a melhorar a sua capacidade finalizadora, vê crescer o número de opções e o nível de exigência.


Samu: o goleador improvável que conquistou o Dragão


Quando a época começou, poucos esperavam que Samu assumisse um papel tão determinante no ataque portista. Mas o espanhol tem respondido com números e exibições de encher o olho. Com nove golos em todas as competições, o “camisola 9” tornou-se a principal referência ofensiva de Farioli e um dos favoritos dos adeptos.

Mais do que os golos, Samu tem mostrado uma evolução notável na leitura de jogo, nas movimentações entre linhas e na pressão alta — aspetos que o técnico italiano valoriza profundamente. O avançado é hoje uma peça tática central, capaz de segurar bola, combinar com extremos e aparecer na área no momento certo.

Contudo, no futebol de alta rotação que Farioli impõe, ninguém tem lugar garantido, e o próprio Samu sabe disso. A chegada de concorrentes em boa forma obriga-o a manter o foco e a intensidade.


Deniz Gül: o “super-suplemento” que pede mais minutos


Se há jogador que tem dado que falar no Dragão nas últimas semanas, é Deniz Gül. O internacional turco está a viver um momento de afirmação e parece decidido a conquistar o seu espaço. Com apenas 270 minutos jogados, já igualou os dois golos da temporada passada (em 24 jogos).

O seu impacto é inegável: entrou e marcou em momentos-chave, com o 2-0 em Arouca, num jogo que ficou condicionado pela expulsão de Martim Fernandes, e o golo da vitória frente ao Moreirense, que valeu a reviravolta e o prémio de MVP.

A postura de Gül dentro e fora de campo tem conquistado adeptos e treinadores. O jogador mostra maturidade, frieza na finalização e capacidade para se adaptar às diferentes dinâmicas táticas. Por isso, a administração da SAD recusou uma proposta de transferência no verão, demonstrando confiança no seu potencial — o clube investiu 4,5 milhões de euros na sua contratação em 2024 e acredita que o retorno desportivo será ainda maior.


Luuk de Jong: experiência e poder aéreo à espera do regresso


Se Deniz Gül representa a juventude e o entusiasmo, Luuk de Jong simboliza a experiência e a liderança. O internacional neerlandês chegou ao FC Porto no último defeso, trazendo consigo um histórico de golos e títulos por clubes como PSV e Sevilha.

Infelizmente, a adaptação foi travada por uma lesão no ligamento lateral interno do joelho esquerdo, sofrida num jogo-treino com o Lusitânia de Lourosa, a 8 de setembro. Desde então, o avançado de 35 anos tem trabalhado arduamente na recuperação, com o objetivo de regressar em dezembro, quando o calendário se torna mais exigente e a Liga Europa entra na fase decisiva.

De Jong já voltou a fazer corrida no relvado, um passo importante na reabilitação. A sua presença no treino, mesmo em períodos de descanso do plantel, demonstra profissionalismo e dedicação. Farioli vê nele um jogador capaz de acrescentar experiência, presença na área e capacidade de decisão — qualidades essenciais para os desafios que se aproximam.


Farioli ganha profundidade e versatilidade ofensiva


Com Samu em forma, Gül a crescer e De Jong prestes a regressar, Francesco Farioli tem finalmente à disposição um leque de avançados diversificado. Cada um oferece algo diferente: Samu dá mobilidade e ligação ao meio-campo, Gül oferece imprevisibilidade e energia, e De Jong traz poder aéreo e frieza nos momentos de pressão.

Esta multiplicidade é fundamental para o treinador, que privilegia um futebol dinâmico e adaptável. Farioli tem demonstrado flexibilidade tática, alternando entre o 4-2-3-1 e o 3-4-2-1, sistemas que beneficiam da rotação constante entre extremos e ponta-de-lança.

Além disso, a competição interna pode ser o fator decisivo para elevar o nível de todos. Num plantel que tem sofrido com lesões e irregularidades, ver jogadores a lutar por minutos é um sinal de vitalidade.


O banco do FC Porto ganha poder de fogo


Um dos grandes problemas do FC Porto nas últimas temporadas foi a falta de profundidade ofensiva. Quando os titulares estavam em baixo de forma, as opções no banco não conseguiam mudar o rumo dos jogos.

Agora, o cenário é outro. Deniz Gül tem sido o exemplo perfeito de “suplemento de luxo”, capaz de entrar e decidir. Luuk de Jong, quando regressar, será uma opção de peso em jogos que exigem presença física e jogo aéreo.

Mesmo William Gomes, que soma quatro golos e ocupa o segundo lugar na lista de melhores marcadores, mostra consistência e fome de golo. Com Pepê e Borja Sainz também a contribuir com dois tentos cada, o FC Porto apresenta uma distribuição de golos mais equilibrada — algo que Farioli vinha pedindo desde o início da época.


Análise: Samu precisa de sentir a pressão para crescer


O domínio de Samu na lista de marcadores é, sem dúvida, merecido. Mas o futebol moderno não perdoa a estagnação. A presença de concorrentes diretos como Gül e De Jong pode ser exatamente o que o espanhol precisa para dar o salto de qualidade seguinte.

Farioli valoriza jogadores que sabem competir dentro do próprio plantel e Samu parece ter a mentalidade certa para isso. Ao longo da época, tem demonstrado disciplina e vontade de melhorar, evitando a acomodação.

Além disso, a pressão da concorrência obriga-o a manter o foco, algo essencial numa equipa que luta em várias frentes. Com Gül e De Jong prontos para desafiar a hierarquia, Samu terá de provar que é mais do que o goleador do momento: precisa ser o líder ofensivo que o FC Porto procura.


Conclusão: ataque em evolução e dragão mais perigoso


O ataque do FC Porto vive um dos períodos mais promissores da era Farioli. A coexistência de três avançados com perfis distintos cria um leque de soluções que o técnico italiano saberá explorar.

Samu continua como referência, mas Deniz Gül já é uma realidade e Luuk de Jong trará a experiência que falta em momentos decisivos. A luta pela titularidade promete ser intensa — e disso só o FC Porto sai a ganhar.

Com o regresso iminente de De Jong e a afirmação de Gül, o banco ofensivo azul e branco ganha corpo, variedade e golos. E se a história mostra que os grandes títulos se conquistam com elencos profundos, o FC Porto parece finalmente caminhar nessa direção.

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