José Mourinho em euforia após goleada: “Saramos a ferida de Newcastle rapidamente. Fomos demasiado fortes para eles”

O Benfica viveu uma noite perfeita na Luz. A goleada por 5-0 frente ao Arouca não apenas consolidou a liderança dos encarnados, como também marcou o triunfo mais expressivo da era José Mourinho. O técnico português, visivelmente satisfeito, analisou o encontro à BTV e destacou a resposta da equipa depois da desilusão europeia. Além de elogiar o desempenho coletivo, Mourinho explicou ainda as apostas em Tomás Araújo e no jovem argentino Gianluca Prestianni, dois nomes que aproveitaram a oportunidade para se afirmar.

Um Benfica dominante do primeiro ao último minuto

Logo nas primeiras palavras, José Mourinho deixou clara a sua satisfação com a atitude e intensidade da equipa: “Foi uma boa vitória. Desde o primeiro minuto percebeu-se que íamos ganhar e que íamos ganhar bem.” A análise do técnico reflete o que se viu em campo — um Benfica concentrado, disciplinado e com fome de bola.

A equipa entrou determinada a apagar a má memória do jogo com o Newcastle, em que o resultado não espelhou a exibição. Mourinho foi direto ao ponto: “Saramos a ferida de Newcastle rapidamente. Preparámo-nos bem para o jogo. Pressionámos, roubámos bola alto, não demos hipóteses ao adversário. Fomos ambiciosos até termos energia para ritmos altos. Fomos demasiado fortes para eles.”

Essa intensidade foi visível na forma como o Benfica sufocou o Arouca, não permitindo saídas em transição e controlando completamente o jogo. O pressing alto, marca registada das equipas de Mourinho em boa forma, foi determinante para o desfecho expressivo.

O regresso da mentalidade vencedora

Mais do que a goleada, o que se viu foi um Benfica com mentalidade de campeão — concentrado, disciplinado e com fome de vitória. Mourinho tem insistido no conceito de “equipa total”, em que todos os jogadores participam ativamente nos dois momentos do jogo: ofensivo e defensivo.

Os encarnados mostraram uma postura madura, sobretudo após o terceiro golo, mantendo o foco e o rigor tático. “Fomos ambiciosos até termos energia para ritmos altos”, disse o treinador, reforçando a importância da intensidade como pilar da identidade que pretende construir.

Com este resultado, o Benfica não só reforça a sua posição no campeonato, como mostra que a derrota europeia foi apenas um contratempo num processo de crescimento contínuo.

Tomás Araújo: a confiança do mestre

Entre os destaques individuais, Tomás Araújo mereceu uma menção especial de Mourinho. O jovem central, formado no Seixal, foi titular e correspondeu com uma exibição sólida e segura. O técnico explicou a decisão de o lançar: “Os centrais é fácil. Temos três centrais fantásticos — o Tomás, o António e a classe do Nico. Para não dizer que temos quatro, cinco ou seis na formação. Na formação há gente boa. Decidi o Tomás… jogou pouco para a qualidade que tem nos meus primeiros jogos. Dei-lhe esta boa oportunidade e esteve verdadeiramente top.”

Mourinho tem demonstrado, desde o início da sua passagem pela Luz, que valoriza o talento caseiro. E Tomás Araújo é um exemplo claro dessa aposta. A sua maturidade em campo, aliada à capacidade de leitura tática, confirma que o Benfica pode confiar plenamente na nova geração defensiva.

Prestianni: irreverência e coragem de assumir o jogo

Outro nome em destaque foi o de Gianluca Prestianni. O jovem argentino, de apenas 18 anos, começa a ganhar minutos sob o comando de Mourinho e respondeu com uma exibição promissora. O treinador explicou a sua escolha e deixou elogios à atitude do extremo: “O Luca [Prestianni] pedimos irreverência, coragem em assumir, um contra um e procurar o adversário. Sendo perna direita vindo para dentro e abrir espaços para o Dahl entrar... enquanto teve energia e não levou amarelo, esteve bem.”

A análise de Mourinho vai além do desempenho técnico. Ele realça o valor da ousadia num jogador ofensivo, mesmo que isso implique riscos: “Quem joga como ele tem que perder bolas. Ter alas que não perdem bolas são alas que não assumem o risco. Teve um bom jogo.”

Esta visão é típica de Mourinho quando pretende formar jogadores ofensivos com mentalidade de decisão. O treinador quer extremos capazes de desequilibrar, criar oportunidades e assumir responsabilidade — mesmo à custa de algum erro.

Mourinho constrói uma equipa à sua imagem

O triunfo diante do Arouca é mais uma prova de que o projeto Mourinho no Benfica está em plena construção. O técnico português tem conseguido equilibrar a solidez defensiva com um ataque cada vez mais letal. Jogadores como Pavlidis, João Neves e Rafa estão a atingir níveis de confiança elevados, enquanto o coletivo demonstra evolução tática a cada partida.

O Benfica de Mourinho é uma equipa que sabe quando acelerar e quando controlar. A transição entre defesa e ataque é fluída, e a posse de bola é usada de forma objetiva, sem exageros. O 5-0 foi reflexo de uma filosofia moderna e pragmática: controlar para dominar, dominar para vencer.

O impacto da goleada na confiança e na Liga

Além da vitória em si, o resultado devolve ao Benfica uma dose essencial de confiança. O próximo ciclo de jogos será determinante — tanto na Liga Portugal como nas competições europeias — e Mourinho sabe que a consistência é o fator-chave para manter o clube no topo.

O triunfo também serve como mensagem para os rivais. O Benfica mostrou que tem profundidade no plantel, qualidade nos jovens e um treinador com ideias claras. O “Special One” parece ter reencontrado o equilíbrio entre disciplina e criatividade, algo que tem faltado às suas equipas nos últimos anos.

Com Pavlidis em estado de graça e Di María a continuar a liderar com experiência, as águias parecem prontas para disputar o título até ao fim.

A visão tática por trás do resultado

Taticamente, Mourinho apostou num 4-2-3-1 bem estruturado, com João Neves e Florentino a formarem o motor do meio-campo. A pressão alta e as recuperações rápidas foram fundamentais para desmontar o Arouca, que raramente conseguiu sair a jogar.

Nos corredores, Prestianni e Rafa alternaram de posição, confundindo marcações e criando espaços para Pavlidis, que se movimentou com inteligência e eficácia. O resultado foi um futebol fluido, envolvente e com grande capacidade de finalização.

Esta versatilidade tática mostra a maturidade de Mourinho, que continua a reinventar-se sem perder a sua essência competitiva.

Conclusão: o Benfica está de volta com força e identidade

A goleada sobre o Arouca representa mais do que três pontos — é a confirmação de que o Benfica está num caminho de afirmação sob o comando de José Mourinho. O treinador devolveu à equipa a confiança, a intensidade e o espírito vencedor que os adeptos exigem.

Com jovens a ganhar espaço, reforços a justificar o investimento e uma mentalidade coletiva renovada, o Benfica dá sinais claros de querer algo grande esta temporada. Mourinho, com o seu carisma e exigência, voltou a transformar a Luz num palco de ambição.

“Fomos demasiado fortes para eles”, resumiu o técnico. E de facto, foram. Este Benfica começa a parecer imbatível quando joga como uma verdadeira equipa — com cabeça, coração e classe.

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